Análise da Estrutura Agrária na Teoria de Desenvolvimento Econômico de Celso Furtado

APRESENTAÇÃO

O texto Análise da Estrutura Agrária na Teoria de Desenvolvimento Econômico de Celso Furtado de autoria do Prof. Tamás Szmrecsanyi (1936 / 2009) é balanço da visão furtadiana sobre a estrutura fundiária.

Como o Prof. Tamás afirma, a par do lugar central que tinha a análise da questão fundiária na teoria do desenvolvimento econômico de Celso Furtado, “curiosamente porém, trata-se de uma problemática que não chegou a ser aprofundada de forma mais sistemática quer pelo próprio Autor, quer – até onde pude perceber – por seus numerosos exegetas”.

Para aqueles como nós que defendem que a Reforma Agrária é uma política pública de desenvolvimento necessária, mesmo nas regiões desenvolvidas, as posições de Celso Furtado são atuais e corajosas: “São as terras próximas aos centros urbanos e ao moderno sistema de transporte que devem merecer atenção imediata. Uma liberação rápida de parte dessas terras, hoje não utilizadas, abriria uma importante fonte de emprego agrícola em zonas adequadamente servidas de infraestrutura e facilmente acessíveis à assistência técnica e financeira” (FURTADO, C. Um Projeto para o Brasil, 1968, Rio de Janeiro: Saga, pg.65). Além disso, acrescenta Furtado que o aumento da produção trazido pelo novo uso da terra (que antes estava ociosa) rapidamente compensará o custo mais alto das terras melhor localizadas, reduzindo essa carga financeira a proporções ínfimas no prazo de apenas alguns anos (Idem).

O resgate empreendido pelo Prof. Tamás mostra um Celso Furtado profundamente conhecedor das evidências empíricas, históricas, sociais, políticas, ecológicas e econômicas da estrutura fundiária e dos limites colocados por essa ao processo de desenvolvimento brasileiro, especialmente, o papel decisivo da monocultura canavieira. Mostra também um Celso Furtado servidor público comprometido com as mudanças sociais necessárias e, mais ainda, capaz de formular propostas política e tecnicamente consistentes para realizá-las.

Este texto faz parte de uma coletânea que foi organizada pelo Engenheiro Agrônomo Antonio Osvaldo Storel Junior, que trabalhou como consultor junto ao INCRA-SP e está concluindo o doutorado em Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, na Faculdade de Economia da UNICAMP, e publicado pelo INCRA-SP em 2010 “Tamás Szmrecsanyi e a análise sobe a agropuecuária brasileira”(baixe o texto aqui)

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