APRESENTAÇÃO
Os temas da questão agrária e da reforma agrária continuam mais atuais do que nunca no Brasil de hoje. Trata-se de temas amplos e complexos, que não podem ser discutidos isoladamente, mas que precisam, pelo contrário, ser constantemente referidos à economia e à sociedade brasileira como um todo. Uma economia e uma sociedade já predominantemente urbanas e industriais, mas cujos problemas e cujo subdesenvolvimento continuam a ser determinados em boa parte pela situação vigente no campo e no setor agropecuário.
Para tanto, necessitamos ao mesmo tempo de análises amplas como a que foi apresentada por Guilherme Delgado, no trabalho “A Questão Agrária no Brasil, 1950-2003” (baixe o texto aqui), cuja parte final é de responsabilidade de uma equipe liderada por Plínio de Arruda Sampaio. Este trabalho tem o mérito de apresentar uma perspectiva de análise ampla, na qual se vincula - a meu ver corretamente - a questão agrária do Brasil de hoje às pressões do balanço de pagamento do país e o chamado agronegócio.
Eu estou de acordo com ele quando aponta para a falta de novidade deste último. Vou até mais longe, para dizer que, na verdade, trata-se de algo bastante antigo no Brasil, não passando no fundo de uma aliança, em parte talvez renovada, entre o velho latifúndio nacional, as trading companies estrangeiras e o capital financeiro internacional.
Nessa abordagem mais ampla da questão agrária e dos problemas agrários do Brasil de hoje, torna-se muito importante não perder de vista o processo histórico. A questão agrária atual é uma decorrência da questão agrária histórica, sendo por isso fundamental termos a respeito uma visão de longo prazo, e não apenas uma visão mais ampla da sua conjuntura presente.
(Trechos da introdução que o professor Tamás Szmrecsanyi fez para o livro “Ciclo de Debates – Questão Agrária no Brasil: perspectiva histórica e configuração atual”. Publicado pelo INCRA-SP, em 2005)
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